Renato Frota - Atleta de Futebol Profissional

Renato Frota-Atleta de Futebol Profissional .

Renato Frota

terça-feira, 20 de abril de 2010

DENER - Há 16 anos Brasil perdia um craque.


Dener, ontem fez 16 anos de seu falecimento.


Ontem 19 de abril de 2010 completaram-se 16 anos desde que um acidente automobilístico tirou a vida de um dos jogadores mais habilidosos da história recente do futebol brasileiro: o atacante Dener, que jogava pelo Vasco mas cujo passe pertencia à Portuguesa-SP.

Nascido em 2 de abril de 1971 (curiosamente, mesmo dia, mês e ano do nascimento do "Animal" Edmundo), Dener Augusto de Souza fez suas primeiras jogadas nas ruas da Vila Ede, bairro da zona Norte de São Paulo. Em 1982, aos 11 anos, o meia pisou pela primeira vez no Canindé. Quatro anos mais tarde, teve de abandonar o sonho de fazer carreira no futebol para ajudar a mãe com as despesas de casa.

Órfão de pai desde os oito anos, Dener e os irmãos tiveram de começar a trabalhar para tentar pagar as dívidas acumuladas pela mãe. Ele estudava pela manhã, trabalhava à noite e jogava futebol por cachê na Vila Maria, pelo colégio Olavo Bilac.

Em 1988 voltou a treinar nas categorias de base da Lusa, após uma passagem frustrada de dois meses pelo São Paulo. O técnico Antônio Lopes, na época treinador do elenco de cima, o tirou dos juniores, transformando-o em profissional. A primeira grande glória na carreira de Dener foi na Copa São Paulo de Futebol Juniores, em 1991, quando foi eleito o melhor jogador da competição. Na oportunidade, a Lusa conquistou seu primeiro título na Copa SP.

A genialidade dentro de campo o levou à seleção brasileira ainda em 1991, com apenas 20 anos. Encantado com o futebol do garoto franzino, o técnico Falcão o escalou em 11 jogos com a camisa canarinho. Não fosse a morte prematura, Dener - que era cotado para vestir a "Amarelinha" na Copa do Mundo de 1994 - poderia ter recuperado o brilho dos tempos de futebol-moleque apresentado pelos brasileiros nas Copas de 70 e 82.

A habilidade incomum era ofuscada em muitos momentos pela indisciplina nas quatro linhas e fora delas. De origem humilde, Dener se deslumbrou com a fama e com o dinheiro abundantes e se envolveu em diversos episódios de indisciplina ao longo da curta carreira. Em 1993, após uma transferência frustrada para o Corinthians, Dener foi emprestado ao Grêmio, sagrando-se campeão gaúcho.

Em 1994, teve seu passe emprestado ao Vasco e imediatamente conquistou o carinho da torcida, que passou a saudá-lo com o nada modesto grito de "Ê, cafuné, ê cafuné, o Dener é a mistura do Garrincha com o Pelé!".

Recém-chegado a São Januário, Dener ofuscou ninguém menos do que Diego Maradona durante uma série de amistosos do Vasco contra o Newell's Old Boys, então clube que "Dieguito" defendia, na Argentina. Semanas depois, conquistou a Taça Guanabara com uma goleada por 4 a 1 sobre o Fluminense. Foi o último título que comemorou.

O último jogo de Dener aconteceu dois dias antes de sua morte. Foi um empate por 1 a 1 contra o Fluminense, no Maracanã, pelo turno do quadrangular final do Estadual, no dia 17 de abril. Curiosamente, nesta partida o atacante vascaíno se envolveu numa áspera discussão com o lateral-esquerdo tricolor Branco e ambos acabaram expulsos.

Dener jamais saiu derrotado de campo com a camisa do Vasco: dos 17 jogos que disputou, venceu dez e empatou sete, marcando cinco gols.

No dia 19 de abril, Dener, que tinha acabado de completar 23 anos, faleceu em um acidente automobilístico. Ele chegava ao Rio de Janeiro para participar do treinamento da manhã pelo Vasco. Na companhia do amigo Oto Gomes de Miranda, Dener deixara São Paulo às 23 horas do dia anterior, após ter definido junto aos dirigentes da Lusa sua transferência para o Stuttgart, da Alemanha.

Miranda dirigia o Mitsubishi Eclipse branco de Dener, que dormia no banco ao lado. O carro, vindo da Avenida Brasil, bateu em uma árvore na Avenida Borges de Medeiros, no bairro da Lagoa. A morte foi imediata. Dener foi estrangulado pelo cinto de segurança e apresentava asfixia e fratura cervical. Deixou viúva e três filhos. Uma placa posta no local registra que ali perdeu a vida um dos últimos poetas da bola.

Meses depois do acidente, um laudo policial confirmou que Miranda havia dormido ao volante, perdendo a direção do veículo. No acidente, o amigo do craque acabou perdendo as duas pernas. Em 1995, Miranda foi assassinado na porta de sua casa por integrantes do Comando Vermelho, facção criminosa com a qual mantinha ligações segundo investigações feitas na época.

A torcida vascaína, no entanto, não se esqueceu de Dener. Assim que se ouviu o apito final da decisão do Campeonato Estadual de 1994 (Vasco 2 x 0 Fluminense - dois gols de Jardel), os torcedores que estavam no Maracanã gritaram "Olê, olê, olê, Dener, Dener" antes mesmo de soltar o grito de "Tri, tri, o Vasco é tri, Tererê!" (numa referência ao primeiro tricampeonato estadual da história do Clube).

A genialidade de Dener, perda inestimável para o futebol brasileiro

Dener falece em acidente trágico



Reportagem no Jornal Nacional sobre o acidente

*Fonte: NetVasco

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